O Brasil acaba de conhecer o novo ranking das cidades mais desenvolvidas do país e o resultado surpreendeu muita gente. Quem lidera a lista não é uma capital, nem um centro urbano gigante, mas sim uma cidadezinha com menos de 3 mil habitantes no interior de São Paulo. Segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado nesta quinta-feira, Águas de São Pedro é hoje o município mais desenvolvido do Brasil.
Com uma área de apenas 3,61 quilômetros quadrados, a cidade é menor que muitos bairros de São Paulo e chegou a ser comparada ao Itaim Bibi, que sozinho tem mais que o triplo do tamanho. Mesmo assim, a cidade paulista conquistou nota 0,9676 no índice geral, superando grandes centros urbanos e mantendo uma constância impressionante. Águas de São Pedro já havia liderado o ranking em outras quatro ocasiões: 2013, 2016, 2018 e 2021.
O estudo analisou 5.550 municípios em três áreas-chave: saúde, educação e geração de emprego e renda. Segundo os economistas responsáveis, não há uma única fórmula para alcançar o topo, mas o sucesso geralmente vem da continuidade de políticas públicas bem estruturadas ao longo do tempo. Cidades como São Caetano do Sul, Maringá e Americana também se destacaram, todas com índices acima de 0,88. Curitiba foi a única capital que apareceu entre as dez mais bem colocadas.
Em contrapartida, a situação nas regiões Norte e Nordeste continua crítica. Cidades como Ipixuna, no Amazonas, que obteve um índice de apenas 0,1485, aparecem na lanterna do ranking. Outros municípios que figuram entre os últimos colocados incluem Jenipapo dos Vieiras, Uiramutã, Jutaí, Santa Rosa do Purus e Oeiras do Pará.
Especialistas explicam que o problema nesses municípios vai muito além da gestão pública. Faltam escolas, médicos, infraestrutura básica e até acesso geográfico. São locais isolados, com mercados de trabalho praticamente inexistentes e população sem acesso a serviços essenciais. O resultado é um ciclo de pobreza que se mantém ao longo das décadas, com baixo índice de desenvolvimento humano e dificuldade para atrair investimentos.
A cidade de Ipixuna, por exemplo, enfrenta problemas severos com saneamento, ausência de profissionais qualificados e um sistema de saúde precário. Não é incomum ver alunos com desempenho muito abaixo da média e professores sem a formação adequada. A consequência disso é um retrato claro da desigualdade brasileira, onde poucas cidades acumulam bons resultados e muitas outras seguem esquecidas.
O contraste entre cidades como Águas de São Pedro e Ipixuna evidencia uma divisão histórica no país. Enquanto algumas colhem os frutos de planejamento e estabilidade administrativa, outras seguem à margem, à espera de políticas que de fato consigam reverter décadas de abandono.
O estudo da Firjan joga luz sobre uma realidade que muitos preferem ignorar. No Brasil de 2025, o desenvolvimento ainda depende fortemente do CEP.