Um caso de possível feminicídio por envenenamento está mobilizando as autoridades de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. A professora de pilates Larissa Rodrigues morreu após passar mal de forma recorrente durante a semana, e o laudo toxicológico confirmou a presença de chumbinho em seu organismo. O Ministério Público agora trabalha com a hipótese de que ela foi assassinada pelo marido, o médico Luiz Antonio Garnica, com quem estava em processo de separação.
A principal linha de investigação aponta que Larissa pretendia oficializar o divórcio e já havia avisado o marido por mensagem na véspera da própria morte. O promotor de Justiça Marcus Tulio Nicolino, que acompanha o caso, afirmou que a motivação parece estar ligada ao pedido de separação. Segundo ele, Larissa mandou mensagens sugerindo que os dois procurassem um advogado para tratar do fim do casamento já na segunda-feira seguinte ao crime.
Além do médico, a mãe dele, Elizabete Arrebaça, também foi presa. A investigação identificou movimentações suspeitas que ligam a idosa à aquisição da substância usada no envenenamento. Uma testemunha relatou que Elizabete entrou em contato com ela cerca de duas semanas antes da morte da professora para perguntar se havia chumbinho disponível em sua fazenda ou se conhecia alguém que pudesse fornecer o veneno. A mulher teria dito que era para uma amiga.
As suspeitas aumentaram após a apreensão de celulares e computadores, que trouxeram novas pistas. O telefone da amante de Garnica também foi recolhido. Ela afirmou à polícia que dormiu com o médico na noite anterior à morte de Larissa, e esse detalhe passou a ser considerado relevante para o inquérito.
O promotor não descarta a possibilidade de que, além da separação, uma disputa por bens possa ter pesado na motivação do crime. Larissa apresentava sinais de intoxicação havia dias e chegou a ser atendida anteriormente. A suspeita é de que o veneno tenha sido administrado aos poucos, ao longo da semana, possivelmente durante visitas da sogra, o que reforça a hipótese de envenenamento gradual.
A defesa do médico afirma que ele é inocente e que ainda não teve acesso às provas. Já os advogados da mãe alegam que a idosa sofre de problemas de saúde e que a cadeia pública da região não tem condições de atender às necessidades médicas dela. A defesa pretende entrar com pedido de liberdade provisória nos próximos dias.
A Polícia Civil segue colhendo novos depoimentos e busca esclarecer como a substância foi adquirida e de que forma foi introduzida no organismo da vítima. A investigação já trata o caso como homicídio qualificado, com agravantes que podem levar a penas mais severas.
A professora Larissa Rodrigues morreu em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.